Por Carlos Roberto Francisquini
A Venerável Madre Carmela Prestigiacomo, fundadora da Congregação do Sagrado Coração do Verbo Encarnado, mantenedora do Colégio Nossa Senhora das Graças, de Cambará, deve estar bastante orgulhosa de suas discípulas que encararam com firmeza um dos maiores desafios da humanidade em tempos atuais: a pandemia do Coronavirus. Foram dois anos de isolamento.
Respeitadas as devidas proporções, os desafios enfrentados pelas Religiosas nestes últimos dois anos da crise humanitária, comparam-se às incertezas das primeiras integrantes que atravessaram o atlântico para fazer brotar, há exatos setentas anos, a chama do amor da Madre Venerável em solo brasileiro.
Ao longo desse ano de 2022, a equipe de colaboradores do Colégio Nossa Senhora das Graças deu o seu melhor para que a missão de oferecer uma educação de qualidade fosse cumprida.
Ao lado do CEMEC – Colégio de Ensino Médio de Cambará, que conta com diretoria própria, mas comunga do mesmo sentimento e sonhos, as Instituições subiram um degrau a mais para superar os danos que a pandemia causou em seus alunos.
O resultado deste trabalho é surpreendente. Os alunos conquistaram quase tudo nas Olimpíadas Estudantis que participaram. Olimpíadas de Matemática houve alunos nos primeiros lugares. Olimpíadas de Astronomia, de Ciência e a Kanguru, uma das mais competitivas do mundo, alunos dos Colégios CEMEC/CNSG ficaram em destaque.
No esporte coletivo e individual, os alunos do Colégio Nossa Senhora das Graças disputaram os jogos escolares do Paraná e pela primeira vez foram à fase final da competição enchendo de orgulho seus colegas de escola, seus familiares, professores e equipe da direção. Pedro Marcusse Pires foi ainda mais longe. O jovem estudante do oitavo ano é “fera” no atletismo, conquistou o título estadual em Campo Mourão e foi ao Rio de Janeiro disputar a fase nacional dos Jogos Estudantis e cravou seu nome entre os sete melhores do país.
Outro momento especial aconteceu durante a Feira Cultural deste ano. Entre tantos trabalhos criativos apresentado pelos estudantes do CNSG/CEMEC vale destacar a apresentação do Hino do Colégio, um trabalho realizado pelos alunos do Ensino Fundamental 3 sob orientação da Professora Cintia Resende. “Um presente emocionante que recebemos”, diz Ir. Rosicleide Defavari, diretora do CNSG.
Mas não é só isso. A escola, que construiu uma reputação regional por ser referência em educação qualidade, empenhou-se ainda mais para suprir os danos causados pelo distanciamento social.
Através de programas como a União Faz a Vida e a Escola da Inteligência, a comunidade escolar deu o seu melhor para reaproximar a família CNSG e devolver a ela a confiança do convívio saudável, de estar todos juntos novamente.
Foi assim nas comemorações do dia das mães, da festa julina, dia dos pais, dia das crianças, na Feira Cultural e a celebração da Missa em Ação de Graças pelos 70 anos do Colégio. Sempre com casa cheia.
A Cerimônia de aniversário do Colégio foi linda. Padre Silvio Pawack e Monsenhor José Maria fizeram a celebração da missa em Ação de Graças.
Alunos e Professores realizaram um bonita apresentação musical e a encenação artística da viagem feita pelas Ir. Felice Barbara (superiora), Ir. Maria Pierina Guido, Maria Stella Stabile e Maria Guilhermina Zappia pioneiras que partiram da Itália com a missão de abrir um Colégio Católico em Cambará.
Foi feito uma bonita homenagem ao Monsenhor João Belchior por ter sido ele o maior incentivador deste projeto.
Dr. Oswaldo Leal também foi lembrado com carinho por todo empenho e dedicação às religiosas desde a chegada ao Porto de Santos até se firmarem na cidade. Paulo de Marco Leal, filho de Dr. Oswaldo esteve presente no cerimonial que marcou as comemorações dos 70 anos do Colégio Nossa Senhora das Graças e, emocionado, disse que aquele era um momento singular na sua vida.
“Representar meu pai numa ambiente tão importante quanto esse é sem dúvida muito emocionante para mim. Ele sabia o que tinha de ser feito e fez e, em nome de toda nossa família estamos honrados em fazer parte desta linda história”, comentou.
Parte das integrantes da Congregação do Sagrado Coração do Verbo Encarnado esteve presente para celebrar este momento íntimo e singular.
Madre Cleusa Aparecida de Carvalho – Superiora geral, Irmã Rosicleide Defavari – Diretora do Colégio, Irmã Ivanir Lourenço, Irmãs Carmelita Fernande Oliveira – Superiora Provincial do Brasil, Irmã Eliane Nunes da Rosa, Irmã Isabel Cristina de Carvalho – Secretaria geral, Irmã Nair Candido,
Irmã Aparecida Jaques, Irmã Renata Vetroni Barros, Irmã Zulmira de Oliveira, Irmã Gilda de Freitas Aguiar, Irmã Rita Moraes Teixeira e Irmã Maria Aparecida Furtado
A casa esteve cheia de gente. O pátio do Colégio Nossa Senhora das Graças recebeu grande público que prestigiou esta celebração que ficará guardada na lembrança de cada integrante desta grande família.
Confira abaixo alguns depoimentos
“Uma história que se confunde com a minha”, diz Edina Panichi
Minha vida se confunde com a história do Colégio Nossa Senhora das Graças. Eu era ainda uma criança quando minhas duas únicas irmãs vieram para o colégio. A princípio seria para estudarem, mas se tornou a morada permanente delas, pois ambas passaram a fazer parte da Congregação e se tornaram freiras. Fiquei sozinha, órfã de irmãos, e isso me marcou, profundamente. Passei a minha terceira infância, a minha adolescência, juventude e fase adulta visitando o Colégio, permanentemente. Conheci todas as freiras que aqui se formaram, criando com elas um vínculo familiar. Depois que me casei, meu esposo Antonio Carlos Panichi foi adotado pelas freiras e também passou a fazer parte dessa irmandade.
Perdi minha irmã, Maria Angelita, que era a Irmã Rosa e que deixou a Congregação depois de anos servindo essa comunidade. Infelizmente faleceu, precocemente, não muito tempo depois de deixar o colégio. Aqui permaneceu a minha irmã Alba, a Irmã Crucifixa, Irmã “Cifi”, como a chamavam as crianças, em virtude da dificuldade de soletrar um nome tão complicado para elas, mas que acabou se tornando um apelido, usado por todos. Minha irmã Alba foi um dos pilares do colégio, durante os muitos anos em que aqui permaneceu. Foi Diretora por um longo tempo e muito lutou pela qualidade do ensino e preservação da memória do Colégio e da cidade de Cambará. Eu e meu esposo Antonio Carlos a ajudamos a elaborar o livro “De Alambari a Cambará: um resgate histórico (o título foi o A. Carlos quem sugeriu) e que teria um segundo volume que, infelizmente, ficou no projeto.
A nossa filha, Maria Angelita, (que herdou o nome da tia) também criou laços com o colégio, pois aqui passava as férias do meio e do final de ano, junto com a tia “Cifi”. Dizíamos que ela iria acabar se tornando freira, tal a ligação com essa comunidade que sempre demonstrou por ela o mesmo carinho dedicado a mim, durante toda a minha vida. A Angelita frequentou o colégio do seu nascimento até os 14 anos quando perdemos, de forma repentina, a tia “Cifi’, que nos deixou após sofrer um AVC, gerando um vazio muito grande não apenas em nós, mas em toda a Congregação e nos seus alunos que ela amava com todas as forças de seu coração. Isso já faz 20 anos, mas a lembrança dela permanece viva, ainda hoje, em cada pessoa com quem converso quando passo por Cambará. Portanto, o convite recebido para os festejos dos 70 anos da Congregação foi para nós uma grande honra, honraria essa que jamais poderíamos deixar de aceitar. A nossa presença foi uma forma de homenagear não só as minhas irmãs, mas toda a Congregação que sempre lutou para proporcionar à cidade de Cambará um colégio católico com o objetivo de formar estudantes íntegros, empáticos, responsáveis e que tenham vontade de exercer seu papel enquanto cidadãos com disciplina, ordem e virtude.
Edina Panichi - Professora Doutora
“O Colégio Nossa Senhora das Graças é um Patrimônio de Cambará”, diz Prefeito
“Eu tive a sorte de ter sido matriculado neste Colégio. Tive o privilégio de receber ensinamentos das minhas queridas e inesquecíveis professoras Irmã Carmela, Irmã Lúcia, Irmã Dorinha e tantas outras. Colégio que nasceu com missão de ampliar os horizontes de seus alunos, tornando-os pessoas seguras, fortes e úteis para a sociedade. Tem sido assim há 70 anos. Hoje venho como Prefeito desta cidade e também como ex-aluno desta Instituição, agradecer por toda a sua contribuição para comigo e, sobretudo, para com o futuro de Cambará”.
José Salim Haggi Neto – Prefeito Municipal
“Sementinha Plantada”, diz Ir. Carmelita
“Sinto uma emoção muito grande em constatar que aquela sementinha plantada pelas primeiras Irmãs em Cambará, principalmente a Evangelização e a Educação, continua viva até os dias de hoje. Passaram-se 70 anos de história.... Mesmo com as dificuldades e grandes desafios, as Irmãs foram fiéis e perseverantes no objetivo inicial tornando-se um Colégio de referência no Norte do Paraná. As nossas Irmãs realmente foram testemunhas vivas do Evangelho, reacendendo a Luz da Verdade na Caridade e são lembradas até hoje pela comunidade Cambarense. Entre elas: Irmã Paolina Albanese, Irmã Pierina Guido, Irmã Crucifixa Pugas, Ir. Carmela Mattar, Irmã Lucia Ricci, Irmã Celestina Vogas e tantas outras que são lembradas com carinho, afeto e admiração”, pontuou. “Por tudo demos graças a Deus”, finalizou.
Ir. Carmelita Fernande Oliveira - Superiora Provincial do Brasil
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