Por Carlos Roberto Francisquini
O 31º Seminário Internacional do Açúcar (ISO), que acontece até esta quarta-feira (27) em Londres, reúne importantes líderes globais do setor de cana-de-açúcar. Entre os participantes, o Brasil, um dos principais players do mercado mundial, tem se destacado com sua contribuição e experiências.
Na terça-feira (26), Paulo Leal, presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), teve a oportunidade de compartilhar, com representantes de diversas partes do mundo, as estratégias e ações da entidade que há mais de 80 anos defende os interesses dos produtores independentes de cana no país.
Durante sua palestra, Leal ressaltou o papel fundamental da Feplana na luta pela criação e implementação de políticas públicas que beneficiem o setor. Fundada oficialmente em 1940, a Feplana tem se consolidado como um dos principais atores na defesa da categoria no Brasil, abrangendo uma vasta rede de produtores e buscando constantemente a melhoria das condições do setor canavieiro.
Leal destacou diversas vitórias legislativas conquistadas pela entidade ao longo das décadas. Um dos marcos importantes mencionados pelo presidente da Feplana foi a implementação, entre 2009 e 2012, de leis que garantiram a subvenção econômica para os canavieiros do Nordeste e do Rio de Janeiro. Esses estados foram duramente impactados pela seca que afetou a produção de cana, e a medida foi crucial para garantir a continuidade das atividades no período.
Outro exemplo citado foi a lei que, anos mais tarde, permitiu a venda direta de etanol pelas usinas, antes restrita às distribuidoras. A mudança na legislação trouxe um aumento no preço da cana e contribuiu para a reabertura de várias usinas que estavam à beira do fechamento. A criação de cooperativas, como a pioneira Coaf, em Pernambuco, foi um dos resultados dessa mudança, permitindo que produtores se organizassem e reativassem unidades produtivas durante a safra de 2014/15.
"Essas ações foram essenciais não só para revitalizar os canaviais, mas também para garantir a sobrevivência de usinas, algumas das quais haviam sido fechadas. As cooperativas de canavieiros desempenharam papel decisivo nesse processo, permitindo que pequenos produtores tivessem acesso a novos mercados e melhores condições de venda", afirmou Leal, durante sua fala no seminário.
Desde 2020, a Feplana tem se empenhado na criação de um novo marco legal, com o Projeto de Lei 3149/2020, que visa garantir aos canavieiros o direito de receber o Crédito de Descarbonização (CBios). O CBio é um mecanismo que reconhece os produtores de etanol por sua contribuição para a redução de emissões de gases de efeito estufa, permitindo-lhes comercializar créditos de descarbonização com empresas que buscam compensar suas emissões.
O PL 3149, já aprovado pela Câmara dos Deputados neste ano, aguarda análise no Senado, e sua aprovação pode representar uma nova fonte de receita para os produtores de cana, além de ser um importante passo rumo a um setor mais sustentável. Leal destacou a relevância dessa iniciativa para o futuro da cana-de-açúcar no Brasil e seu impacto positivo no mercado global de biocombustíveis.
"Os canavieiros brasileiros estão na vanguarda da produção de energia renovável e precisam ser reconhecidos pelo seu papel na mitigação das mudanças climáticas. A aprovação do PL 3149 é uma medida importante para estimular ainda mais a sustentabilidade no setor", afirmou Leal.
O seminário em Londres, que reúne produtores, especialistas, pesquisadores e líderes de toda a indústria açucareira e de biocombustíveis, tem sido uma plataforma fundamental para discussões sobre o futuro do setor, principalmente em relação à inovação, sustentabilidade e políticas públicas. O Brasil, com sua vasta experiência e liderança no mercado de etanol e açúcar, continua sendo um protagonista nas conversas globais sobre a cana-de-açúcar, e a Feplana se consolidou como uma voz influente na defesa dos direitos dos produtores independentes de cana no país.
Com sua participação no evento, a Feplana reforça seu compromisso em promover a união e a defesa dos canavieiros, além de buscar cada vez mais políticas públicas que garantam a competitividade e sustentabilidade do setor no Brasil e no mercado global.
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