Por Carlos Roberto Francisquini
A SL Alimentos, empresa que se tornou um nome de destaque no processamento de cereais no Brasil, firmou recentemente uma joint venture com o grupo Certano, com o objetivo de ampliar sua produção e atender ao crescente mercado de alimentos. A parceria estratégica resultou na aquisição de uma antiga unidade fabril da General Mills, localizada em Cambará, no norte do Paraná. A planta estava desativada desde 2023, quando a gigante alimentícia decidiu encerrar a produção dos produtos da marca Yoki nesse local.
O acordo, que não teve seu valor divulgado, consiste em uma joint venture imobiliária que arrendará 50% da unidade de 120 mil metros quadrados, sendo 60 mil de área construída, para cada uma das empresas. A SL Alimentos e o Certano farão a fabricação de seus respectivos produtos em linhas separadas dentro da mesma planta. O presidente do conselho da SL Alimentos, Luiz Meneghel Neto, explicou em entrevista ao Valor Econômico que ambos os sócios investirão entre R$ 20 milhões e R$ 50 milhões cada um na modernização dos equipamentos para atender suas necessidades produtivas.
“Nós da SL, vamos em busca dos clientes para desenvolver produtos inovadores para a indústria de alimentos”, afirmou Meneghel.
Luiz Meneghel Neto, que fundou a SL Alimentos há 38 anos, revelou que sua paixão por cavalos foi o que motivou o início de sua jornada no ramo de alimentos.
"Comecei a plantar aveia para alimentar meus cavalos, e os amigos começaram a comprar. Foi assim que montei a unidade de recebimento de aveia, e as coisas foram fluindo", contou o empresário a revista Globo Rural.
Desde então, a empresa não parou de expandir. Em 2024, a SL Alimentos registrou um faturamento de R$ 300 milhões, sendo a maior processadora de aveia do Brasil.
Hoje, a SL Alimentos conta com três fábricas no Brasil – em Mauá da Serra (PR), Cabo de Santo Agostinho (PE) e Jundiaí (SP), além de já ter iniciado exportações para o Paraguai e Argentina. A aveia é responsável por 80% do faturamento da empresa é a maior processadora de aveia do país, com clientes como Nestlé, Pepsico e a própria General Mills.
A SL também processa outros grãos, como centeio, trigo, arroz e cevada, além de produzir extrusados para alimentos plant-based e misturas para indústrias alimentícias e de bebidas.
Recentemente, a SL Alimentos investiu R$ 80 milhões na modernização de sua unidade em Mauá da Serra, com foco em novas linhas de produção. Parte dos recursos foi destinada à criação de uma linha para proteínas concentradas de leguminosas secas, além da instalação de uma fábrica de carne vegetal plant-based, que abastece a Fazenda Futuro. A planta também passou por melhorias em seu moinho de aveia.
Meneghel espera que 2025 traga um crescimento de 15% no faturamento da empresa, apesar das dificuldades econômicas previstas.
"Será um ano desafiador, com os clientes mais retraídos devido aos altos juros e à incerteza econômica", disse.
O grupo Certano, que tem sede em Cambará e 50 anos de história, será o parceiro estratégico na joint venture. O Certano, sob a liderança de Luís Antônio Dias, CEO do grupo, tem raízes como atacadista e desde 2007 opera uma fábrica de açúcar e café na cidade. Além disso, o grupo distribui outros produtos alimentícios e itens de limpeza.
Em entrevista à reportagem do Jornal Circulando na tarde desta segunda-feira (17 de fevereiro), Luís Dias destacou a amizade e confiança que unem os dois empresários.
"Somos parceiros há muitos anos e contribuímos muito um com o outro. Essa parceria só reforça a confiança sólida que nos une e nossa busca por objetivos comuns", afirmou.
As negociações para a criação da joint venture e a aquisição da fábrica foram conduzidas por Roberta Meneghel, filha de Luiz Meneghel, que assumiu a presidência da SL Alimentos há dois anos, quando o pai passou a atuar no conselho da empresa.
Com a nova parceria e o compromisso de investimentos significativos, a SL Alimentos e o grupo Certano se preparam para expandir ainda mais sua atuação no mercado de alimentos e fortalecer a produção nacional, especialmente em um cenário de desafios econômicos.
Um joint venture é uma parceria estratégica entre duas ou mais empresas que se unem para realizar um projeto ou objetivo específico, geralmente compartilhando recursos, riscos e lucros. Essa colaboração pode ser de longo ou curto prazo, dependendo do acordo entre as partes envolvidas.
Cada empresa participante contribui com algo para o projeto, como capital, tecnologia, know-how, ou infraestrutura. O objetivo principal de uma joint venture é maximizar os benefícios que cada uma das empresas pode obter ao juntar forças, seja para entrar em um novo mercado, desenvolver novos produtos ou aproveitar recursos que sozinhas não teriam.
Um ponto importante é que as empresas que formam a joint venture continuam sendo entidades independentes, ou seja, elas não se fundem. A joint venture geralmente é formalizada por meio de um contrato que define claramente as responsabilidades de cada parte, a divisão dos lucros, a gestão da operação e como as decisões serão tomadas.
Rádio Circulando